📌 Introdução: uma dor comum, uma causa mal compreendida
Se você trabalha com movimento — seja como fisioterapeuta, educador físico ou mesmo praticante de atividade física — provavelmente já ouviu (ou sentiu) aquela dor persistente no cotovelo, ombro ou joelho. Muitas vezes chamada de tendinite, essa dor pode esconder algo mais complexo: uma tendinopatia.
Mas afinal, qual a diferença entre tendinite, tendinose e tendinopatia? E por que é tão importante entender essa distinção?
📖 O que é tendinopatia?
De acordo com o artigo publicado por Magnusson et al. (2010) na Nature Reviews Rheumatology, a tendinopatia é uma condição de sobrecarga do tendão que ocorre quando o estímulo (carga) supera a capacidade de recuperação do tecido.
É caracterizada por:
- Dor durante a atividade física
- Sensibilidade à palpação
- Inchaço local
- Desempenho funcional reduzido
A tendinopatia não é apenas uma inflamação, como o termo “tendinite” sugere. É uma condição que envolve degeneração, alteração celular e desorganização das fibras de colagénio.
🔍 Tendinite vs. Tendinose: são tipos de tendinopatia?
Sim! Tanto a tendinite quanto a tendinose são formas específicas de tendinopatia:
- Tendinite:
Refere-se a um processo agudo, com presença de inflamação. É comum em fases iniciais, mas raramente encontrada em exames de lesões crónicas. - Tendinose:
É a forma degenerativa e crónica, onde não há inflamação ativa, mas sim alterações estruturais, como desorganização das fibras, aumento de colagénio tipo III e vascularização anormal.
Portanto, falar em “tendinite crónica” pode ser inadequado — o termo correto seria tendinose ou, mais amplamente, tendinopatia.
🧬 O que acontece com o tendão na tendinopatia?
O artigo mostra que, com carga repetitiva sem descanso suficiente:
- O colagénio começa a ser degradado nas primeiras 24–36h pós-treino
- A síntese de colagénio só aumenta a partir das 36–72h
- Isso cria um défice estrutural quando o treino é repetido cedo demais
Além disso, os tenócitos (células do tendão) mudam de forma, produzem enzimas destrutivas, e a matriz extracelular se torna desorganizada, com excesso de água, proteoglicanos e crescimento de vasos e nervos — o que gera dor e perda de função.
💡 Exemplos comuns de tendinopatias:
- Epicondilite lateral (cotovelo de tenista)
- Tendinopatia do Aquiles
- Tendinopatia patelar (joelho do saltador)
- Tendinopatia do manguito rotador (ombro)
🧠 Conclusão: a chave está no equilíbrio
A tendinopatia não é “só uma dorzinha” — ela representa uma falha de adaptação do tecido ao treino.
A prevenção e o tratamento envolvem:
✅ Respeitar o tempo de recuperação
✅ Avaliar e modular a carga
✅ Trabalhar mobilidade, controle motor e função
✅ Evitar repouso total — que pode piorar a condição
Seja qual for o nome: tendinite, tendinose ou tendinopatia… o que importa é tratar a causa, não só o sintoma.