Síndrome da Hipermobilidade Articular: Compreendendo e Tratando
A Síndrome da Hipermobilidade Articular é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas em que as articulações apresentam uma amplitude de movimento maior do que o normal, geralmente sem a presença de outra doença associada. Anteriormente conhecida como “frouxidão ligamentar”, essa condição permite que o paciente realize movimentos amplos nas articulações, como mãos, ombros e joelhos, devido a uma alteração na produção de colágeno. Em alguns casos, essa condição pode estar associada a síndromes específicas.
Esta síndrome é bastante comum, especialmente em crianças e adolescentes do sexo feminino, e pode afetar tanto articulações isoladas quanto múltiplas. Com o avanço da idade, a hipermobilidade tende a regredir, e há também uma característica hereditária envolvida.
A dor é uma queixa frequente entre esses pacientes. Estudos indicam que pessoas com hipermobilidade articular estão mais propensas a sofrer de dores ao redor das articulações e de processos inflamatórios nos tendões, como as tendinites. Isso ocorre porque as articulações hipermóveis são mais instáveis, resultando em uma propriocepção articular comprometida e uma resposta muscular inadequada, além de um tônus muscular mais baixo.
Muitas pessoas com essa condição procuram a fisioterapia para tratar dores e inflamações. No entanto, o que frequentemente observo é que elas nunca receberam orientação adequada em relação ao tratamento. A maioria dessas pacientes, como mencionado, são mulheres magras, com tônus muscular baixo, que não gostam de frequentar academias ou permanecem em uma modalidade de treino por pouco tempo, e comumente sofrem de tendinites nos punhos e joelhos.
Tratamento da Hipermobilidade Articular
O tratamento para a hipermobilidade articular foca no fortalecimento muscular, na prevenção da sobrecarga das articulações hipermóveis e na orientação adequada dos pacientes. Um ponto crucial para esses pacientes, que frequentemente possuem propriocepção articular alterada e tônus muscular baixo, é compreender que, devido a essas características, o progresso no treinamento físico pode ser mais lento do que o usual.
É importante destacar que o tempo necessário para observar ganhos de força é consideravelmente maior para pessoas com hipermobilidade. Enquanto uma pessoa sedentária sem essas alterações pode começar a ver bons resultados em cerca de seis meses, um paciente com hipermobilidade pode precisar de quase o dobro do tempo. Os primeiros seis meses de treinamento geralmente servem apenas para nivelar o corpo e preparar o paciente para ganhos de força futuros. Portanto, é fundamental que esses pacientes sejam informados desde o início sobre a necessidade de paciência ao longo do tratamento.
O treinamento de força é essencial, mas deve ser realizado com precaução. O cuidado principal é evitar movimentos amplos com carga, já que o paciente com hipermobilidade já possui uma mobilidade articular acima da média. O foco deve estar em desenvolver controle muscular de forma gradual e paciente. Assim, o processo de treinamento deve respeitar a regra de realizar exercícios com amplitudes menores e, à medida que o paciente adquire maior controle, aumentar gradualmente as amplitudes e cargas.
Quando se trata de manejo da dor e inflamações, sempre que possível, é preferível evitar o uso de medicamentos, priorizando a fisioterapia e a orientação adequada. Cada caso deve ser avaliado individualmente, levando em consideração as queixas clínicas e os achados do exame físico.