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Se você sofre de dor crônica ou trabalha com pacientes que enfrentam esse problema, é crucial entender melhor essa condição. A maioria das pessoas, incluindo muitos profissionais de saúde, ainda tem uma compreensão limitada e desatualizada sobre a dor, especialmente a dor crônica. Existem muitos mitos, conceitos errados e medos desnecessários relacionados ao seu tratamento.

 O Que é a Dor Crônica?

Me chamo Thiago Alfama, sou fisioterapeuta desde 2010 e, ao longo da minha carreira, atendi muitos pacientes com queixas de dor crônica. Esses pacientes frequentemente já passaram por vários profissionais e tratamentos, que muitas vezes focavam exclusivamente na dor específica. Embora isso pareça lógico, especialmente para leigos, o tratamento da dor crônica deve ser abordado de maneira diferente. Focar apenas na dor local é um dos principais erros no tratamento desses pacientes.

Desde 2019, a dor crônica deixou de ser considerada apenas um sintoma recorrente e passou a ser reconhecida como uma doença. Com isso, a abordagem de tratamento também deve mudar. Hoje, temos um grande respaldo científico para basear nossos tratamentos mais eficazes para dores crônicas.

Definição e Diferenciação

A Associação Internacional de Estudos da Dor (IASP) é responsável por definir e atualizar os conceitos sobre dor. A definição mais recente é:

“Uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial.”

A diferença entre dor crônica e dor aguda está principalmente no tempo. Considera-se dor crônica quando uma pessoa experimenta dor por mais de três meses, de forma constante ou com picos de dor, conhecidos como “flare-ups”.

A Experiência da Dor

Podemos comparar a experiência da dor ao sistema de alarme de uma casa. A sirene representa a experiência da dor; a central do alarme é o nosso sistema nervoso central (SNC), que interpreta os estímulos recebidos pelos nervos (cabos) e receptores (sensores). Quando uma região do corpo percebe uma alteração, informa a central e a sirene dispara. Assim que o estímulo cessa, a sirene para. Embora pareça simples, nosso sistema de alarme é muito mais sofisticado. Ele interpreta, associa e sofre interferências do meio externo, resultando em respostas variadas.

Fatores como estresse, falta de sono e sedentarismo influenciam significativamente a experiência da dor. Por isso, cada pessoa tem uma experiência de dor única, relacionada a situações e emoções específicas.

A Necessidade da Dor

A dor é um mecanismo de proteção essencial, nos lembrando de evitar comportamentos que possam causar danos. No entanto, quando a dor persiste sem uma lesão aparente, ela perde seu propósito útil. Nesses casos, nosso cérebro continua percebendo uma ameaça inexistente.

A definição de dor como uma “experiência sensitiva e emocional” reflete a impossibilidade de dissociar os aspectos sensoriais e emocionais da dor. Por isso, o tratamento da dor crônica deve ser multimodal, envolvendo não apenas terapias locais, mas também intervenções no sistema nervoso central.

Aspectos Psicossociais Associados à Dor

A dor crônica frequentemente está associada a fatores psicossociais que precisam ser identificados e tratados:

  • Estresse
  • Pior saúde mental (por exemplo, ansiedade, depressão) 
  • Distúrbios de sono (não ter um sono de qualidade)
  • Crenças sobre dor e controle da dor 
  • Catastrofização (sofrimento associado) 
  • Cinesiofobia  (medo e evitação de movimento)
  • Falta de coerência social (relacionamentos) e apoio (desamparo percebido) 
  • Baixa autoeficácia (não saber fazer um auto gerenciamento)
  • Ter pensamentos de dor mal-adaptativos 
  • Hipervigilância (autovigilância sobre a região de dor)

Tratamento Multimodal

O tratamento da dor crônica deve ser abrangente e baseado em quatro pilares principais:

  1. Educação do Paciente – O paciente deve entender o que é dor crônica e que o tratamento vai além das terapias locais. A educação é fundamental para o sucesso do tratamento.
  2. Identificação e Tratamento de Aspectos Biopsicossociais – Aqui entra o trabalho interdisciplinar, incluindo a colaboração com psiquiatras e psicólogos para tratar os aspectos psicológicos e sociais da dor.
  3. Qualidade do Sono – Uma boa qualidade de sono é essencial. É difícil obter resultados duradouros em pacientes que não dormem bem.
  4. Exercício Físico – O exercício físico não precisa ser direcionado apenas à região da dor. O objetivo é estimular a produção de neurotransmissores no sistema nervoso central. O exercício diário, seja de força ou aeróbico, é parte crucial do tratamento.

Boa qualidade de sono e exercício diário fazem parte do tratamento padrão OURO para dor Crônica

  1. Terapias Complementares – Medicações específicas para dor crônica e terapias manuais, como a fisioterapia, também são importantes.

A dor pode ser uma oportunidade para mudar hábitos e melhorar a qualidade de vida. Com um tratamento adequado, é possível transformar a experiência dolorosa em um processo de autoconhecimento e saúde.

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Imagem de stefamerpik no Freepik

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Thiago Alfama

Thiago Alfama

Sou Fisioterapeuta graduado pela pela Universidade La Salle de Canoas/RS desde 2010. Apaixonado pela área que estuda e atua na reabilitação do movimento humano e pelo conhecimento que isso me proporcionou para poder ajudar pessoas a maximizar e explorar seu potencial físico. Atuo como professor pelo Instituto Fortius e também como professor convidado em diversas Instituições pelo Brasil. Em 2019, junto com meus amigos e sócios Leonardo Bazzano e Alexandre Ortiz, fundamos a Clínica Fortius. Um local que idealizamos para ser um centro de excelência em reabilitação e desenvolvimento com uma abordagem INTERDISCIPLINAR para habilitarmos nossos clientes a terem uma vida mais saudável e com qualidade.
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