Viscossuplementação ou infiltração funciona mesmo?

Thiago Alfama

A viscossuplementação — aquelas famosas infiltrações de ácido hialurônico (ou outras substâncias) dentro da articulação — é um dos procedimentos mais populares para quem busca aliviar dores no joelho ou no quadril, especialmente em casos de artrose. A promessa é tentadora: melhorar a lubrificação, reduzir o atrito e devolver qualidade de movimento. Mas será que a ciência confirma esses benefícios?

Recentemente, uma revisão sistemática publicada em janeiro de 2023 no Orthopaedic Surgery analisou 15 ensaios clínicos randomizados, somando 951 joelhos operados. O objetivo era verificar se o uso de ácido hialurônico após cirurgias — como meniscectomias ou reconstruções ligamentares — traria alguma vantagem adicional na recuperação. O resultado foi direto: nenhuma melhora significativa em dor ou função quando comparado ao grupo que apenas fez o tratamento padrão. Em outras palavras, infiltrar ácido hialurônico após cirurgia não mostrou benefício clínico real.

Mas e para quem não passou por cirurgia e sofre com artrose de joelho ou quadril? Uma revisão mais recente, conduzida por um grupo brasileiro e publicada no Osteoarthritis and Cartilage, reuniu 57 estudos clínicos totalizando 22.795 participantes — a maior análise do tema até hoje. Os pesquisadores agruparam as principais terapias injetáveis em quatro categorias: autólogas (como PRP e células-tronco), corticosteroides, ácido hialurônico e combinações diversas. Quando analisaram apenas os estudos grandes e de alta qualidade, o resultado foi novamente decepcionante: nenhuma dessas terapias mostrou eficácia consistente.

O único grupo com algum efeito positivo foram as injeções de corticosteroides, conhecidas por reduzir a dor no curto prazo — algo já bem documentado na literatura. Esse alívio, porém, costuma durar de 2 a 6 semanas, sem impacto real na função a longo prazo. Já o ácido hialurônico isolado não apresentou melhora significativa, e as combinações com diclofenaco mostraram benefício discreto em apenas um único estudo. O restante das terapias, como colágeno, PRP, células-tronco e até homeopáticos, falhou em demonstrar resultados superiores ao placebo.

Em resumo: embora as infiltrações possam oferecer algum alívio temporário da dor, especialmente com corticosteroides, elas não corrigem a causa do problema nem melhoram a função articular de forma duradoura. Para quem busca resultados reais e sustentáveis, o foco deve estar em estratégias ativas de reabilitação — fortalecimento muscular, controle de carga, melhora do movimento e educação sobre dor. É isso que realmente transforma a saúde articular a longo prazo.

👉 Conclusão prática Fortius: infiltração pode ser um paliativo, mas não uma solução. Antes de buscar uma seringa, busque movimento, conhecimento e acompanhamento qualificado.
Na Clínica Fortius, nosso foco é restaurar o movimento com ciência e propósito — sem atalhos, sem promessas vazias.
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