Primeiramente não se assuste, em muitos casos isso é mais comum do que parece e provavelmente não seja a causa da sua dor.
Em 2015 pesquisadores (1) publicaram no Jornal Americano de Neurorradiologia, que alterações degenerativas do disco intervertebral, protrusões ou até mesmo hérnias são comuns na população assintomática (sem queixas de dores de coluna) desde os vinte anos e conforme o envelhecimento esses achados são mais comuns.
Em dor lombar especificamente apenas 5% dos casos, a dor está relacionada aos achados em um exame, como prolapso do disco, compressão nervosa ou compressão articular, 90-95% dos casos não possuem diagnóstico baseado em exames radiológicos.
É muito frequente o fisioterapeuta encontrar na sua prática diária pacientes avaliados por profissionais da saúde com diagnósticos sem correlação com a clínica do paciente. Isso se deve a vários fatores, mas comumente encontramos o paciente trazendo o mesmo relato: o profissional que o avaliou previamente não realizou em sua consulta inicial interrogatório e exame físico completo, tendo baseado suas conclusões única e exclusivamente nos resultados dos exames de imagem.
Exames complementares, devem ser considerados exatamente como o próprio nome, complementares a uma boa avaliação física. Na área da Ortopedia vemos com frequência pacientes serem submetidos a procedimentos cirúrgicos, que em muitos casos são ineficazes e mal indicados, pois não atuam na causa da disfunção e sim em uma alteração, identificada em uma imagem, que na maioria das vezes não está relacionada às queixas e possivelmente já estava ali antes dos sintomas aparecerem.
É fundamental orientar e informar ao paciente, quando se solicita um exame complementar, principalmente de imagem, que alterações poderão aparecer e podem ser normais e esperadas, mas não são indicadores ou sejam responsáveis pelas queixas. É muito comum pessoas assintomáticas, possuírem as mesmas alterações ou até mais significativas nos exames de imagem.
Na grande maioria das situações, uma boa avaliação física e funcional já pode determinar a causa dos sintomas. Um profissional experiente e treinado em avaliação pode identificar disfunções responsáveis pelos sintomas, mesmo sem um exame de imagem.
Os Fatores
Outro ponto, é que podemos através do processo de avaliação, onde inclui-se uma entrevista e uma boa conversa, identificar fatores não mecânicas, como crenças, estado emocional e experiências de vida que vão modificar a percepção e intensidade dos sintomas.
Fatores como estresses, falta de sono, depressão ou ansiedade podem amplificar no cérebro a sensibilidade das estruturas da coluna que fazem com que sintomas como dor apareçam ou se perpetuem.
O importante é estar ciente que alterações em exames de imagem podem ser normais, claro que depende da extensão e gravidade dessas alterações. Não se assuste com diagnósticos que possam tachar você como uma pessoa que tem uma hérnia ou um defeito e a partir de agora terá que mudar todos os seus hábitos de vida.
Dica
Sempre procure um fisioterapeuta, quiroprata, educador físico ou um clínico de confiança e converse sobre o assunto antes de tomar qualquer decisão.
Referências
Brinjikji K et al. Systematic Literature Review of Imaging Features of Spinal Degeneration in Asymptomatic Populations. AJNR Am J Neuroradiol 2015;36:811–16.