Tenho o diagnóstico de Condromalácia! E agora?

Rafael Camargo

A condromalácia patelar é uma causa comum e principal de dor no joelho, a prevalência da doença na população em geral é tão alta quanto 36,2%, especialmente em pacientes de meia-idade com idade entre 30 e 40 anos (até 50%). A condromalácia é uma condição em que há “amolecimento” e degeneração da cartilagem que recobre a patela (osso da frente do joelho). Essa cartilagem tem a função de ajudar no movimento suave da articulação do joelho, permitindo o deslizamento da patela sobre o fêmur sem atrito. Quando essa cartilagem se desgasta ou se danifica, ela aumenta o cisalhamento entre os ossos, o que pode causar dor, desconforto, estalidos ou crepitação “sensação de areia no joelho” e, em alguns casos, dificuldade para realizar certos movimentos.

Essa disfunção é classificada em diferentes níveis de gravidade, com base no grau de dano à cartilagem da patela. Essa classificação ajuda a determinar a extensão do problema e a abordagem do tratamento. 

  1. Grau I
    • Características: Há um amolecimento da cartilagem, mas sem fissuras ou danos significativos. A superfície da cartilagem pode estar ligeiramente alterada, mas ainda intacta.
    • Sintomas: Normalmente, os sintomas são leves e podem incluir dor ocasional durante atividades de alto impacto, como correr ou saltar.
  2. Grau II 
    • Características: A cartilagem começa a apresentar fissuras mais profundas, mas sem perda significativa de tecido.
    • Sintomas: A dor tende a ser mais constante e pode ocorrer durante atividades cotidianas, como subir escadas ou permanecer sentado por períodos prolongados.
  3. Grau III
    • Características: A cartilagem apresenta grandes fissuras ou até desgaste considerável, com áreas mais profundas de destruição. Pode haver perda significativa de cartilagem, prejudicando o movimento suave da patela.
    • Sintomas: A dor pode ser bastante intensa e frequente, limitando o movimento do joelho e causando dificuldades em atividades simples.
  4. Grau IV
    • Características: Neste estágio, a cartilagem está severamente danificada, podendo haver exposição do osso subcondral (osso abaixo da cartilagem). Este grau é caracterizado pela perda quase total da cartilagem na área afetada.
    • Sintomas: A dor é intensa e persistente, e as limitações funcionais são significativas. Muitas vezes, o movimento do joelho é bastante limitado, podendo levar a dificuldade para caminhar.

Causas

A condromalácia patelar pode ser causada por vários fatores, como:

  • Sobrecarga repetitiva: Atividades como correr ou saltar podem colocar pressão constante sobre o joelho.
  • Desalinhamento da patela: Se a patela não se move corretamente no sulco do fêmur (tróclea rasa), isso pode levar ao desgaste da cartilagem.
  • Lesões: Traumas diretos no joelho também podem danificar a cartilagem.
  • Fraqueza muscular: O mais comum: músculos ao redor do joelho fracos ou desequilibrados podem aumentar a pressão sobre a patela, contribuindo para a condromalácia. Musculatura do quadril fraca também contribui para o aparecimento da dor e falta de mobilidade de tornozelo é um fator que pode aumentar a pressão sobre o joelho em algumas atividades.

Tratamento

  • Exercícios resistidos: O tratamento geralmente é conservador e as revisões sistemáticas indicaram que o treinamento resistido é uma estratégia eficaz, promovendo melhorias significativas nos principais sinais e sintomas da síndrome da dor patelofemoral, como dor e função, especialmente quando combinado com outras abordagens terapêuticas, sendo essencial para o fortalecimento muscular e a reabilitação funcional do joelho.
  • Medicamentos: Anti-inflamatórios para aliviar a dor e reduzir a inflamação.
  • Mudanças de estilo de vida: Em alguns casos, precisamos adaptar o estilo de vida atual do paciente para melhorar a função do joelho para que ele possa retornar às atividades normais e esportivas.
  • Cirurgia: Em casos graves, quando o tratamento conservador não é eficaz, a cirurgia pode ser uma opção, como a remoção de fragmentos de cartilagem ou realinhamento da patela, ou até mesmo prótese quando acompanhado de artrose severa.

É muito importante entendermos o grau da lesão na cartilagem para entender se apenas o tratamento conservador com fisioterapia será o suficiente para resolver o problema, ou se precisaremos da ajuda de médicos ortopedistas especialistas em joelho para nutrir a articulação com viscosuplementação (ácido hialurônico), plasma rico em plaquetas ou células tronco. Também há a possibilidade de injeção medicamentosa com corticosteróides que são medicamentos anti-inflamatórios potentes que ajudam a reduzir a inflamação e aliviar a dor rapidamente. Tudo isso precisa ser bem conversado com o fisioterapeuta e o médico especialista para a melhor tomada de decisão, pois sempre precisamos levar em consideração o grau da lesão, os benefícios do tratamento e as atividades do paciente. 

Sempre recomendo iniciar com o tratamento conservador, mas em alguns casos mais graves, realmente precisamos do auxílio da infiltração ou suplementação para controlar a dor a fim de conseguirmos trabalhar com o paciente incrementando exercícios de uma forma mais controlada. Temos parceria com ótimos médicos especialistas em joelho que podem nos ajudar no tratamento conservador, ou, em último caso, se necessitar de cirurgia.

Referências

Barros de Paula, Luciana Fonteles, et al. “EFICÁCIA DO TREINAMENTO RESISTIDO NO TRATAMENTO DA CONDROMALÁCIA PATELAR: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA.” Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício 16.101 (2022).

Ceresini, R. M. P., Gomes, A. L. R. D., Santos, J. F. dos, Moura, L. dos S., Tavares, M. S., Laprovita, M. da P., Moreno, A. M., & Matos, M. da S. (2024). A eficácia da cinesioterapia ativa resistida no declínio dos sinais e sintomas em indivíduos com condromalácia patelar. REVISTA DELOS, 17(61), e2864.

Cai Y, Deng Y, Ou L, Guo Y, Guo Y. Clinical trial of manual therapy in the treatment of chondromalacia patellae. Medicine (Baltimore). 2023 Jun 16;102(24):e33945.

Kamat Y, Prabhakar A, Shetty V, Naik A. Patellofemoral joint degeneration: A review of current management. J Clin Orthop Trauma. 2021 Nov 13;24:101690.

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