Desvendando a Capsulite Adesiva (Ombro Congelado): Diagnóstico e Estratégias de Tratamento Comprovadas

Rafael Camargo

O ombro congelado, também conhecido como capsulite adesiva, é uma condição dolorosa e debilitante que afeta muitos indivíduos. Estima-se que 50 a 80% das pessoas com dor no ombro não procuram atendimento médico/fisioterapêutico, mas a dor no ombro é a terceira razão musculoesquelética mais comum. 

O Que É a Capsulite Adesiva?

A Capsulite é uma combinação de dor e rigidez no ombro que frequentemente causa distúrbios do sono e incapacidade acentuada. A condição segue um curso prolongado e, em alguns casos, pode não se resolver completamente.

A terminologia para esta condição evoluiu:

• Historicamente, no Japão, era conhecida como “ombro dos anos 50”, referindo-se à dor no braço e nas articulações que se desenvolve por volta dos 50 anos e melhora com o tempo.

• No Ocidente, foi inicialmente descrita como “periartrite escapuloumeral” em 1867.

• O termo “ombro congelado” foi cunhado pelo cirurgião americano EA Codman em 1934.

• Atualmente, o termo “capsulite adesiva” é amplamente utilizado, especialmente nos EUA, descrevendo uma patologia primária onde a cápsula da articulação do ombro fica espessada e contraída, aderida ao úmero e a si mesma na prega axilar.

• Considerando a proeminência da contratura capsular, a designação “ombro (congelado)” foi sugerida e adotada nestas diretrizes.

A patologia envolve tanto inflamação quanto cicatrização, com algumas evidências sugerindo que a inflamação leva à cicatrização. Uma característica notável é o encolhimento do volume da cápsula articular para apenas 3-4 ml e a formação de novos vasos sanguíneos na membrana sinovial, que podem ficar embutidos em tecido cicatricial espesso.

Causa Primária (Idiopática): A condição pode ter um início insidioso ou espontâneo, ou seja, sem uma causa aparente. 

Causa Secundária (Associada a Outros Eventos ou Condições): A capsulite adesiva também pode ser secundária a outros eventos ou condições.

    ◦ Trauma: Pode ser secundária a um trauma.

    ◦ Cirurgia: Outros “eventos” incluem cirurgia ortopédica com imobilização do ombro, cardíaca ou neuro.

    ◦ Diabetes: É uma “outra condição” frequentemente associada. Em pessoas com diabetes grave, o ombro congelado não é apenas mais prevalente, mas também potencialmente mais lento para resolver e mais resistente ao tratamento.

    ◦ Doença de Dupuytren: Em casos graves de doença de Dupuytren, a condição pode ser mais prevalente, ter uma resolução mais lenta e ser mais resistente ao tratamento.

•Aspectos psicossociais: Ansiedade, depressão, perda de um ente querido, traumas, podem levar a condição. Mulheres após o período do climatério. 

É importante notar que o processo de pesquisa clínica para o ombro congelado ainda está em andamento, e muitos estudos anteriores tinham limitações metodológicas. Pesquisas futuras buscam focar em estágios específicos da condição para melhor adaptar as intervenções.

Diagnóstico e Avaliação Chave

O diagnóstico baseia-se em características clínicas.

Os principais pontos-chave no diagnóstico e avaliação incluem:

Restrição da rotação externa passiva: Este é o principal teste diagnóstico, embora também possa ocorrer em outras condições. A rotação externa restrita tem sido associada ao encurtamento da cápsula do intervalo rotador.

Padrão capsular: Caracterizado por restrição da rotação externa, abdução e rotação interna, nesta ordem, com as rotações testadas com o cotovelo ao lado. 

• A capsulite é dividida em 3 fases:

Fase Dolorosa (ou de Congelamento)

  • Duração: geralmente de 2 a 9 meses.
  • Características: dor intensa no ombro, principalmente à noite e em repouso; progressiva limitação dos movimentos.
  • Mecanismo: inflamação da cápsula articular.

Fase de Rigidez (ou Ombro Congelado)

  • Duração: pode durar de 4 a 12 meses.
  • Características: dor tende a reduzir, mas a rigidez articular se instala de forma marcante; limitações acentuadas de movimentos como elevação, rotação externa e abdução.
  • Mecanismo: espessamento e retração da cápsula.

Fase de Recuperação (ou Descongelamento)

  • Duração: 6 a 24 meses.
  • Características: dor mínima ou ausente; recuperação progressiva da amplitude de movimento.
  • Mecanismo: remodelamento gradual da cápsula e melhora funcional.

Estratégias de Tratamento Baseadas em Evidências

1. Manejo Conservador:

Aconselhamento e Educação:

    ◦ Tranquilizar o paciente sobre a raridade de causas graves e a natureza geralmente autolimitada da condição.

    ◦ Educar sobre os mecanismos da dor e o espectro de sintomas.

    ◦ Fornecer orientações para modificação de atividades (em casa, trabalho, lazer) e estratégias de autocuidado, como formas alternativas de vestir-se ou apoiar o braço afetado.

Terapia por Exercícios:

    ◦ Para a fase de dor predominante, exercícios ativos rítmicos suaves podem reduzir a dor e manter a saúde dos tecidos.

    ◦ Para a fase de rigidez predominante, exercícios baseados em função são usados para restaurar a amplitude ou qualidade do movimento.

Terapia Manual (Mobilizações Articulares):

    ◦ Para dor predominante, o objetivo principal é o alívio da dor usando mobilizações rítmicas dentro de uma amplitude confortável.

    ◦ Para rigidez predominante, o objetivo é restaurar a amplitude de movimento, alongando a articulação em resistência.

Termoterapia (Calor/Frio):

    ◦ Amplamente utilizado para promover reparação e cicatrização.

Eletroterapia (TENS):

    ◦ Usada principalmente para alívio da dor.

    ◦ A TENS é considerada uma intervenção de baixo custo para controle da dor para comprar e fazer em casa.

Acupuntura:

    ◦ Usada para tratar a dor.     

Liberação Capsular Artroscópica e Manipulação Sob Anestesia:

    ◦ Geralmente reservadas para pacientes que não melhoram com a fisioterapia adequada.

    ◦ A técnica envolve mobilização da articulação sob anestesia geral.

O principal objetivo é recuperar a função do ombro: diminuir a dor a curto e longo prazo, restauração da amplitude de movimento ativa e passiva e recuperar a força muscular do membro acometido. Em alguns casos, a capsulite pode evoluir para o ombro contralateral após um período (não há um consenso de tempo).

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