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Historicamente a participação das mulheres em esportes no geral aumentou consideravelmente nos últimos anos. Junto a isso, o acompanhamento e estudo do metabolismo feminino no decorrer da prática esportiva também aumentou, entre esses estudos, está a tríade da mulher atleta (TMA).

A tríade é definida desde 1997, e atualizada em 2007, como sendo a associação entre três condições: a baixa disponibilidade energética (DE), disfunção menstrual (DM) e baixa densidade mineral óssea (DMO). O conhecimento dessa condição é de suma importância para os profissionais que acompanham qualquer mulher atleta, em especial o fisioterapeuta, que muitas vezes acompanha com maior frequência a rotina dessa atleta.

Mas e o que é, o que significa e como funciona a tríade?

Para o diagnóstico, não necessariamente as três condições precisam estar presentes concomitantemente, uma vez que a tríade funciona como em uma cascata, onde uma condição pode levar à outra.

A baixa disponibilidade energética (causada pela escassez de alimentos ou gasto energético excessivo) causa adaptações fisiológicas que garantem a manutenção das atividades do corpo. Ela é calculada pela subtração da energia consumida (kcal), da energia ingerida (kcal) e dividindo esse valor pela massa de gordura livre no corpo (kg). A baixa disponibilidade energética no corpo faz com que se altere o correto funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-ovários, responsável pela liberação de hormônios no corpo.

As baixas concentrações desses hormônios, por sua vez, resultam em uma série de consequências, dentre elas a diminuição da liberação do estrogênio, que é o principal hormônio feminino, responsável pela proliferação fisiológica do endométrio, e que também regula a remodelação óssea. Ou seja, a diminuição do estrogênio resulta na diminuição da formação óssea, sendo uma das principais consequências, resultando em maior risco de fratura.

Outra alteração importante da tríade é a amenorreia hipotalâmica funcional, que é caracterizada pela ausência de ciclos menstruais, por três meses ou mais, ou por ciclos irregulares, que estão associados à deficiência de estrogênio devido à estimulação insuficiente ou supressão do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. Essa alteração influencia o metabolismo ósseo, deixando-os mais frágeis e suscetíveis a fraturas por stress, por exemplo.

O diagnóstico da tríade requer uma abordagem baseada em um histórico médico detalhado que deve incluir perguntas sobre dieta e mudanças na mesma, alterações de peso, histórico de exercícios, horas de treinamento, alterações do sono, estresse, humor, ciclo menstrual, fraturas e abuso de substâncias. Além disso, também deve-se atentar e abordar questões psicossociais como a necessidade de aprovação social, a pretensão de perfeccionismo, ambições e expectativas, que são mais acentuadas em atletas, principalmente, com altos índices de exigência e treinamento.

E como funciona o tratamento?

A primeira linha de tratamento sempre deve ser a não farmacológica, onde o objetivo é restabelecer o equilíbrio normal com um plano nutricional adequado, com uma dieta mais balanceada, além da suplementação de cálcio e vitamina D, que já foram evidenciados no importante papel da diminuição do risco de fraturas por stress. Além disso, um plano de acompanhamento psicológico e esportivo individualizado e dinâmico que permita o restabelecimento do eixo hipotálamo-hipófise-ovário.

 

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Alexandre Ortiz

Alexandre Ortiz

Sócio-diretor do Instituto Fortius. Professor de Educação Física graduado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Especialista em Fisiologia do Exercício e Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (EsEF-UFRGS).
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