Paciente do sexo feminino, 19 anos, profissional de educação física, praticante de musculação, fez uma avaliação de preensão palmar bilateral para avaliar a simetria de força, pois havia percebido nos treinos que havia uma perda considerável de força no braço esquerdo em relação ao direito.
No dia 14/07/2024 realizamos um teste com o dinamômetro isométrico para avaliar a força máxima de preensão palmar para conseguir quantificar a força em Newtons. No lado direito, a paciente chegou a 319 N de força e no lado esquerdo 232 N, totalizando 27,3% de assimetria. Dia 25/07/2024 ela foi submetida a uma sessão completa de quiropraxia, onde o fisioterapeuta identificou alteração na cervical alta à esquerda. Após o ajuste, no dia seguinte, ela foi submetida ao reteste de força, onde atingiu 292 N no lado direito e 279 N no lado esquerdo, ficando dentro da faixa de normalidade (4,3% de assimetria).
A paciente conseguiu aumentar em 20,5% a força no lado esquerdo e diminuiu 8,5% no lado direito, normalizando a distribuição de força.
Fisiologia da Inibição Muscular
A inibição muscular ocorre quando há uma redução na capacidade de um músculo se contrair, geralmente devido a um desequilíbrio entre os sinais excitatórios e inibitórios que chegam aos motoneurônios. Esse fenômeno pode ser causado por diversos fatores, incluindo lesões articulares, processos inflamatórios, dor, disfunções articulares e neuromusculares.
Inibição Artrogênica
A inibição muscular artrogênica (IMA) é um fenômeno complexo que ocorre frequentemente após lesões articulares ou cirurgias de joelho. A dor e a inflamação desempenham papéis cruciais nesses casos, provocando inibições musculares no quadríceps. Esse é o exemplo mais clássico e visível.
Teoria da Inibição Reflexa
A inibição reflexa é mediada por interneurônios inibitórios na medula espinhal. Quando há dor, inflamação ou disfunção articular esses interneurônios são ativados, enviando sinais inibitórios aos motoneurônios que controlam os músculos afetados. Esse mecanismo é uma forma de proteção do corpo para evitar mais danos à articulação.
- A inflamação é uma resposta do sistema imunológico à lesão. Ela causa inchaço, calor e dor na área afetada. A inflamação pode alterar a sensibilidade dos mecanorreceptores articulares, levando a uma resposta inibitória reflexa nos músculos ao redor. Além disso, substâncias inflamatórias como as citocinas podem afetar diretamente a função neuromuscular, contribuindo para a inibição muscular;
- A nocicepção, ou percepção da dor, pode levar à inibição muscular através da ativação de vias inibitórias no sistema nervoso central. A dor crônica, em particular, pode resultar em uma inibição prolongada dos músculos, dificultando a reabilitação e a recuperação da função muscular.
- Disfunções articulares, podem gerar alterações na propriocepção articular provocando os mesmos sinais inibitórios.
Inibição por Pontos Gatilho e tensões musculares
Os pontos gatilho são áreas hiperirritáveis no músculo esquelético que podem causar dor referida e disfunção muscular. A presença de pontos gatilho pode levar à inibição muscular, onde o músculo afetado não consegue se contrair adequadamente devido à dor ou a alterações proprioceptivas pela tensão local, via fuso muscular.
Tensões musculares podem gerar disfunções articulares, alterando a propriocepção como já foi mencionado.